quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dicionário dos Tipógrafos e Litógrafos Famosos 3


bispo Jean de Savoie, datado do dia 30 de
Agosto de 1479. A pedido do mesmo prelado
imprimiu em Junho de 1480 Les Constituitions
synodales de L’eglise de Genève. Em 1482
Cruse mudou-se para Promenthoux, perto
Lyon, provavelmente para fugir da peste que
grassava em Genebra. Ali imprimiu um
Doctrinal de la sapience em 2 de Agosto de
1482, após o que deve ter regressado a
Genebra pois em Março de 1483 deu à estampa
na cidade uma edição do Fierabras. Prosseguiu
o seu trabalho tipografico com regularidade,
com excepção dos anos de 1489 a 1492 ,até
1502 ano em que o seu nome aparece pela
última vez num breviario para uso de Lausane.
CUESTA, JUAN de la - Impressor que trabalhou
em Segóvia de 1588 até 1591. Nesta
cidade imprimiu em 1588 o Tratado de la
verdadera y falsa profecia, de Juan de
Horozco y Covarrubias e os Emblemas
morales, estes impressos em 1589 e 1591.
Pensa-se que Juan de la Cuesta trabalhou
depois em Madrid entre 1591 e 1625,
primeiro como empregado e, a partir de
1599, na tipografia que tinha pertencido a
Pedro Madrigal. Em 1604 a viúva do filho
de Madrigal, também chamado Pedro, casou
com Juan de la Cuesta e assim este fica a
dirigir a oficina. Imprimiu em 1604 o
Abecedario Virginal de Excelencias del
Santíssimo Nombre de Maria, de Antonio
Navarro. Em 1605 imprime a obra que mais
fama lhe trás, a primeira edição de Quijote.
Depois imprime muitas obras importantes
da literatura espanhola. A sua produção
tipográfica eleva-se a 202 obras, sendo o
seu último trabalho conhecido a Primera y
Segunda parte del estilo y método de escribir
cartas missivas de Juan Vicente Pellicer, do
ano de 1625.
COURBÉ, AUGUSTIN - Impressor francês
do século XVIII que estava estabelecido em
Paris e que em 1673 imprimiu a primeira
edição do El Cid de Corneille. Também
imprimiu obras de sua autoria e de diversos
dramaturgos.
DAY - Família que acompanhou Jose Glover
na instalação da primeira oficina gráfica na
América do Norte. Glover contratou Stephen
Day e os dois filhos deste para o ajudarem
nos trabalhos tipográficos que se propunha
realizar no Novo Mundo. Stephen Day não
era impressor mas serralheiro, e os seus filhos
eram provavelmente aprendizes de tipógrafo
numa oficina de Cambridge, na
Inglaterra. Matthew Day, um dos filhos de
Stephen, era provavelmente compositor e
era com ele que Glover contava para o trabalho
da composição dos textos. Stephen
Day, como hábil serralheiro, estava apto a
montar o prelo e a ajudar na parte mecânica
tendo mais tarde dedicado-se à direcção
comercial da oficina.
Em 1647, apareceu o primeiro livro que no
colofão traz o nome de Matthew Day. O tipógrafo
dirigiu a oficina até à morte, em 10
de Maio de 1649, tendo impresso vários
livros, embora o seu nome não apareça neles
referenciado.
DAY, JOHN - Impressor inglês do século
XVI que na sua época imprimiu os melhores
livros ilustrados em Inglaterra, tais como
The Cosmographicall Glasse, em 1559, de
William Cunnigham, Book of Martyrs, 1576,
de John Foxe, Book of Christian Prayers,
impresso em 1578. Nascido em Dunwich
(Suffock), foi também livreiro e fundidor de
tipo. A sua fama vem também de ter sido
o impressor da primeira edição inglesa do
Book of Martyrs e pelos seus esforços na
impressão de música. Day imprimiu também.
De antiquitate Britannicae ecclesiae
Canturiensis para o arcebispo Parquer, em
1572.
Dos seus vinte e dois filhos, frutos de dois
casamentos, apenas um, Richard, foi impressor,
tendo prosseguido com o negócio do
pai.
DENIS, JOÃO CARDOSO - Tipógrafo
portuense nascido em 16 de Agosto de 1847,
aprendeu o ofício de compositor tipográfico
na oficina de Manuel José Pereira. Concluída
a aprendizagem, e depois de alguns anos de
trabalho, transitou para a tipografia de
António José da Silva Teixeira, situada na
Cancela Velha, rua que desapareceu quando
foi construída a actual Avenida dos Aliados.
Nesta tipografia, uma das mais reputadas
da cidade do Porto, foi chefe técnico e revisor,
tendo revisto obras de Eça de Queirós
e Ramalho Ortigão. Resolve depois trabalhar
por conta própria e monta a Tipografia
Elzeveriana que esteve instalada na Rua
Formosa e depois na Rua do Bonjardim e
que viria a revelar-se uma grande casa gráfica
conhecida pelos seus trabalhos de alta
qualidade.
João Cardoso Denis foi também colaborador
de diversos jornais portuenses e foi o compilador
de O Novo Livro de Leitura, adoptado
pelas escolas oficiais, que serviu a
milhares de crianças que aprendiam as
primeiras letras e desenvolveram o gosto
pela leitura. Publicou também diversos volumes
de poesia de sua autoria, merecendo
destaque o livro de poemas Aguarelas que
Eça de Queirós prefaciou.
DERNIAME, ARISTIDE - Impressor francês
que em 1867 inventou os recortes para o
mise-en-train e que com as suas ideias, fruto
da sua experiência como impressor tipográfico
contribuiu para os melhoramentos introduzidos
nas máquinas de impressão.
DESLANDES - Nome de família de impressores
de origem francesa que trabalharam
em Portugal a partir de 1669. Vindo de
França naquele ano, Miguel Deslandes
instala-se em Portugal onde virá a ostentar
o título de impressor real em 1687, por
morte de António Craesbeeck de Melo.
Miguel Deslandes era natural de Thouars,
cidade francesa no Poitou, e foi casado com
a filha do impressor e livreiro Jean de la
Coste, tipógrafo francês que também trabalhou
em Portugal e que havia adquirido
o material tipográfico ao célebre Augustin
Courbé. Miguel Deslandes residiu em Lisboa,
em casa própria, na Rua da Figueira, na
paróquia de Nossa Senhora dos Mártires.
Deslandes herdou do sogro o material
tipográfico e com ele imprimiu belas obras,
ornadas com iniciais floreadas e vinhetas,
que abriam com ricos frontispícios provenientes
de trabalhadas gravuras de cobre.
Imprimiu muitas obras em português, latim,
espanhol, francês e italiano, nos mais diversos
formatos. Entre as obras que imprimiu
podem destacar-se a História de Portugal
Restaurado, de D. Luís de Menezes, impresso
em Lisboa em 1698, Ley & Pregmatica
porque v. Magestade há por bem
declarar as mais Pregmaticas, impressa em
Lisboa no ano de 1698.
Por despacho de 1684 Miguel Deslandes
naturaliza-se português para poder usufruir
dos direitos de cidadania dos naturais do
Reino. Em 1703, ano da sua morte, sucedelhe
na direcção da oficina régia seu filho
segundo Valentim da Costa Deslandes, que
recebeu muitos louvores do rei D. João V
pelos trabalhos que imprimiu.
Valentim da Costa Deslandes sucedeu a seu
pai na administração da oficina tipográfica
com apenas 16 anos de idade. Em 1710, a
casa passa a ter o nome de Oficina Real
Deslandense e depois Oficina Real Deslandesiana.
Enquanto impressor régio,
Valentim Deslandes ocupou na corte os
lugares de secretário do Tribunal da Cruzada,
de executor dos Contos da Mesa da Consciência
e Ordens e de tesoureiro do Armazém
da Guiné e da Índia, cargos que a partir de
1715 passou a desempenhar em exclusivo,
pois que trespassou a sua ofici-na e todo o
material tipográfico a Pascoal da Silva.
DETTER, ERNEST FREDERICK - Calígrafo
americano que estudou a arte com Edward
Johnston. Em 1913, em Chicago, ensinou
caligrafia no Art Institute tendo exercido
grande influência como designer e calígrafo
nos trabalhos que eram impressos na cidade.
Faleceu em 1947.
DÍAZ, FERNANDO - Importante impressor
sevilhano que ostentou o titulo de
Impressor del Rey a partir de 1579.
Imprimiu muitas obras de grande variedade
temática. A primeira obra que imprimiu
deve ter sido Filosofia vulgar de Juan de
Mal Lara, que saiu do prelo em 1568.
DIDOT - Família de livreiros, impressores,
gravadores, fundidores e papeleiros, cuja
actividade se estendeu por mais de três
séculos. O seu primeiro membro foi François
Didot (1689-1757) que publica obras do
abade Prévost e diri-ge a corporação de
livreiros parisienses. Seu filho François-
Ambroise Didot (1730-1804), nascido em
Paris, criou o ponto tipográfico (1775) conhecido
por “ponto Didot” e determinou a
“força do corpo” segundo a altura dos caracteres.
Foi também o introdutor em França
da fabricação do chamado “papel vitela”.
As principais obras impressas por François
Didot foram a Collection D’Artois, em 74
volumes, e a Collection des Classiques
Français, em 18 volumes. Firmin Didot, filho
de François, foi também um ilustre tipógrafo,
editor, livreiro, fabricante de papel e
deputado. Criou uma série de tipos com
meio ponto de diferença no tamanho, numa
época em que só se usava tipos com a
diferença de dois pontos. Firmin Didot
(1746-1836) foi chefe da fundição da
Imprensa Real e introdutor do sistema
métrico decimal nas medidas tipográficas
desta casa impressora, adoptando um ponto
tipográfico de 0,4 mm e gravando o chamado
didot milimétrico. Os caracteres de Firmin
Didot atingiram um grande grau de perfeição
e as suas obras são consideradas
como exemplos aprimorados da tipografia
clássica. A Firmin Didot fica também a deverse
a invenção de um processo de estereotipia.
Firmin Didot imprimiu em Paris, em 1817,
uma edição monumental de Os Lusíadas,
em português, patrocinada pelo Morgado
de Mateus.
Pierre-François Didot (1732-1793), irmão
de François, foi também livreiro, impressor
e fundidor de caracteres, tendo sido ainda
fabricante de papel (Papeleira de Essonnes),
a ele se ficando a dever o primeiro Código
de Correcções Tipográficas.
Pierre Didot (1761-1853), filho de François-
Ambroise, foi autor da Epítre sur le progrès
de l’imprimerie e foi encarregue, em 1800,
da impressão da Constituição da República,
tendo usado os caracteres do seu irmão
Fermin na sua composição.
Henri Didot (1765-1852), filho de Pierre-
François, foi impressor e fundidor.
Saint-Léger Didot, segundo filho de Pierre-
François, estabeleceu em 1816, em Sorel
(Eure-et-Loir), a primeira máquina de produção
industrial de papel contínuo.
Ambroise Firmin-Didot (1790-1876), filho
de Firmin, foi livreiro, impressor, editor,
literato, estudioso de temas helenísticos,
bibliógrafo e presidente do Círculo Livreiro.
Hyacinthe Ambroise, de quem foi sócio até
1868, foi impressor, fundidor e gravador.
Alfred Firmin Didot (1828-1913), filho de
Ambroise, utilizou as novas técnicas da cromolitogravura
e da fotogravura.
DIETZ, LUDWIG - Alemão que imprimiu
em 1550 a primeira Bíblia em dinamarquês.
Esta Bíblia ficou conhecida por Bíblia de
Christian III.
DIMITROVIC, RADISA - Introdutor da
tipografia em Belgrado em 1552 onde
imprimiu os Cetveroblagovestije (Quatro
Evangelhos) em sevio-cirílico, de que existe
um exemplar bem conservado na Biblioteca
Universitária de Zagreb.
DINCKMUR, CONRAD - Tipógrafo alemão
que publicou vários livros ilustrados como
a Schwabischer Chronik de 1486. Imprimiu
também o tratado sobre a peste de
Steinhowel. Por dificuldades financeiras
deixou de trabalhar em Ulm em 1499.
DOLET, ETIENNE - Impressor francês da
cidade de Lyon que foi queimado vivo na
praça pública, em Paris, a 3 de Agosto de
1546, no meio dos livros que imprimiu e
que tinham sido proibidos. As suas impressões
de Rabelais, de Marot e sobretudo
o Manuel du chevalier chrétien de Erasmo,
desencadearam a fúria da Inquisição. Etienne
Dolet também foi poeta e escritor. Em 1887
foi-lhe erigida uma estátua no lugar do suplício,
na Praça Maubert, em Paris.
DORÉ, GUSTAVE - Desenhador, gravador
e pintor francês que nasceu em 1832 e faleceu
em 1883. Aos quinze anos vê os seus
desenhos publicados em jornais. Mas é como
ilustrador de grandes textos clássicos que
se torna famoso. Ilustrou também a Bíblia,
as Fábulas de La Fontaine, romances de
Balzac e os contos da condessa de Ségur.
O talento de Gustave Doré marcou todo o
século XIX e diversas gerações de ilustradores.
DORMER, DIEGO - Impressor espanhol,
um dos mais notáveis do século XVII e
cabeça de uma dinastia de tipógrafos. Foi
também editor tendo trabalhado durante
mais de quarenta anos. Da sua oficina saíram
a Parte XXIV de las Comedias de Lope de
Veja, impressa em 1632 e a Parte XXXII de
Comedias de diferentes autores, impressa
em 1640. Imprimiu ainda os Anales de Zurita
e o Diálogo de la verdadera honra militar,
de Jerónimo de Urrea. A partir de 1674
começam a aparecer livros com o pé de
imprensa “ Herederos de Diego Dormer”.
Esta foi uma das oficinas que mais obras
produziu em Saragoça tendo a sua actividade
sido prolongada até ao ano de 1724.
DÜRER, ALBERT - Nasceu em 1471 em
Nuremberg e faleceu naquela mesma cidade
em 1528. Pintor e gravador, interessou-se
pela construção geométrica das letras.
Utilizou a xilogravura e o gravado em cobre,
mostrando grande mestria nas duas técnicas.
A sua obra Underweysung der Messung
mit dem Zirckel und Richscheyt, de 1525, é
em parte dedicada ao desenho e estudo das
letras versais romanas.
DUPRÉ, JEAN - Responsável pela impressão
em Paris, em colaboração com Desiderius
Huym, do primeiro livro ilustrado,
um missal executado em 1481. Especializouse
na impressão de Livros de Horas, breviários
e missais. Em 1482-3 foi convidado
a imprimir em Chartres um breviário e um
missal. Em 1483 deu à estampa uma tradução
de Decasibus virorum illustrium, de
Boccaccio, a que foi dado o título De la
ruine des nobles hommes et femmes.
DWIGGINS, WILLIAM ADDISON - Tipógrafo
americano que foi aluno de Frederic
Goudy na Frank Holme School of
Illustration de Chicago. Criou os tipos
Electra, (1935-1949), Caledonia, (1938),
Metro (1929-1930), Eldorado (1953), e
Falcon (1961).
DYCK, CHRISTOPHE VAN - Excepcional
gravador de caracteres holandês do século
XVII (1606-1698), que criou tipos de letras
particularmente vigorosos e animados.
EAST, THOMAS - Impressor da cidade de
Londres, no século XVI, conhecido pela
importância dos livros que imprimiu. Entre
1567 e 1572 trabalhou associado com Henry
Middleton. Imprimiu vários livros de viagens
e um popular livro de ciência náutica
com o título A regiment for the sea. Também
deu à estampa livros de medicina e em 1579
imprimiu o famoso Euphues de John Lyly.
Em 1581 executou a segunda edição do
Shepheards calendar. A sua impressão de
De proprietatibus rerum, de 1582, é considerada
uma das melhores feitas naquela
época em Inglaterra. Também imprimiu
obras musicais.
EDISON, TOMÁS ALVA - Embora o seu
nome tenha entrado na História pelos seus
inventos que modificaram a vida da
humanidade, principalmente os ligados à
electricidade, como a lâmpada eléctrica.
Edison foi um bom tipógrafo na sua juventude.
Nasceu em Milão, no estado do Ohio,
em 1847, e aos doze anos vendia doces e
frutas nos comboios.
Numa das viagens, encontrou à venda uma
pequena máquina de imprimir. Com essa
máquina imprime um jornal também por
ele composto e escrito, e vende-o nas carruagens
durante as longas viagens. Chegou
a fazer tiragens de 800 exemplares do The
Grand Trunk.Hailroad Herald, assim se
chamava o periódico que lhe trouxe os
proventos necessários para montar um laboratório
no vagão onde também tinha instalado
a tipografia.
EGENOLFF, CHRISTIAN - Gravador de
tipos e impressor de Frankfürt no século
XVI, que teve grande êxito comercial e que
imprimiu mais de quinhentas obras, algumas
delas com boas ilustrações. Depois da
sua morte a empresa dividiu-se em duas:
uma fundição de tipos dirigida por Jacques
Sabon que era casado com uma neta de
Egenolff, e que durante muitos anos foi o
principal fornecedor de tipos na Europa central
e setentrional, e uma tipografia.
EGGESTEIN, HEINRICH - Primitivo impressor
alemão de Estrasburgo que em 1470
imprimiu a segunda Bíblia em alemão e o
primeiro Saltério (1473).
EHMCKE, FRITZ HELMUT - Artista gráfico
germânico e desenhador de tipos que
fundou no ano de 1900 a Stegligtzer
Werkstatt em Berlim. Foi companheiro de
Kleukens e Belwe com os quais planeou
imprimir belos livros, mas o único que conseguiu
dar à estampa foi uma edição dos
Sonnets de Elizabeth Browning, em 1903.
Desenhou diversos tipos para várias fundições
tendo muitos deles sido utilizados
em publicações da Rupprecht-Press, empresa
que fundou em Mainz em 1914.
EISEN, CHARLES - Desenhador e ilustrador
de livros francês, um dos melhores do século
XVIII. Eisen desenhou gravuras para a obra
Les Baisers de Dorat, livro impresso em
Paris em 1770.
ELZEVIR - Também conhecidos por Elzevier.
Clã holandês de livreiros e impressores, cujo
primeiro membro célebre foi Lodewipk
Elzevir, natural de Lovaina e filho de um
empregado de Plantin, que foi livreiro em
Leinden, de 1580 a 1617. Em 1583 imprimiu
talvez a primeira obra da responsabilidade
deste clã, o Hebraicae Quaestiones et
Responsiones. Teve nove filhos que, à sua
morte em 1617, continuaram com o negócio
e abriram livrarias em diversas cidades.
De origem judaica, a família abriu livrarias
e oficinas gráficas em Amsterdam, Haia e
Utreque, estabelecendo ligações com outras
cidades europeias.
Isaac, neto de Lodewipk, foi nomeado em
1620 impressor da Universidade, cargo a
que viria a renunciar a favor do seu tio
Boaventura e do seu primo Abraham. Estes
impressores e livreiros protagonizaram, entre
1622 e 1652, o melhor período da casa
impressora dos Elzevier quer pela qualidade
das suas impressões, quer pelo número de
obras editadas. Sucederam-lhes Johannes
e Daniel Elzevier, e depois sucessivamente
a viúva e um filho de Johannes.
A oficina impressora dos Elzevier fechou
em 1712 ou 1713, tendo a actividade
impressória e livreira da família durado 132
anos.
Esta família publicou mais de 2000 obras,
a maioria sobre religião, teologia, direito e
política. Contudo, também publicaram livros
de gramática, obras de filosofia, os clássicos
latinos e obras dramáticas, como as de
Corneille ou Molière.
ENDEM, JOÃO - Tipógrafo alemão que ido
provavelmente de Lisboa imprimiu em Goa
de parceria com o italiano João de
Quinquénio, natural da Campânia, desde o
ano de 1561 até 1573. Terá impresso seis
obras, entre as quais o tratado de Garcia
de Orta, Colóquios dos simples e drogas...,
do ano de 1563.
ENDTER - Uma das mais importantes dinastias
de impressores germânicos, de
Nuremberg, que trabalhou no negócio da
impressão de 1590 a 1740. O fundador da
empresa foi Georg Endter, o Velho, que
começou a sua carreira como encadernador.
Seguiu-se-lhe seu filho Wolfgang que modernizou
a oficina tipográfica e criou uma
fundição de tipo. A sua principal obra foi a
impressão de Kurfurstenbibel, executada em
1641. Wolfgang morreu em 1659 não sem
que antes tivesse criado uma editora.
Sucedeu-lhe seu irmão Geog Endter que
faleceu em 1629 mas a empresa continuou
com os seus sobrinhos e filhos até meados
do seculo XVIII. Um dos mais importantes
livros impressos pela casa Endter foi Orbis
sensualium pictus quadrilinguis de Jan
Komenski, bispo da Irmandade da Morávia
e um pedagogo de mérito. Este livro,
impresso em 1658, tinha muitas imagens
para poder agradar às crianças a quem se
destinava. Em 1666 os Endter voltaram a
editá-lo.
ENSCHEDÉ, ISAAC - Gráfico que fundou
em 1703 a tipografia Enschedé, em Haarlem,
na Holanda, casa gráfica que se celebrizou
pela impressão de notas de banco. Esta
tipografia também imprimiu um dos mais
antigos jornais do mundo o Oprechte
Haarlemache Coutranr. É também especialmente
famosa a fundição de tipos desta
casa gráfica. Esta fundição de tipo foi fundada
por Johan Enschedé em 1743 que
adquiriu material de outras fundições. Isto
permitiu-lhe possuir uma grande variedade
de tipos, tarjetas e outro material tipográfico
entre o qual tipos musicais.
ESCHER, MAURITS CORNELIS - Holandês
nascido em 1898, em Leeuwarden, que foi
um renomado artista gráfico. Tendo começado
por cursar arquitectura em Haarlem
em 1919 viria a abandonar o curso e a interessar-
se pelas técnicas da gravura onde se
iniciou com a ajuda de um mestre de origem
portuguesa Samuel Jesseun Mesquita. Viveu
em Itália, na Bélgica e na Holanda, tendo
sido no seu país natal que realizou a parte
mais importante da sua obra de gravador.
As suas gravuras incluem paisagens, animais
metamorfoseados, retratos, esboços
para selos postais e notas de banco. Faleceu
em Laren, na Holanda, em 1972.
ESKRICH, PIERRE - Também conhecido
por Pierre Vasa ou Pierre Cruche, este
notável gravador e ilustrador gaulês do
século XVI foi o grande rival do gravador
Bernard Salomon e sem dúvida o seu sucessor.
O seu estilo difere bastante do de
Salomon. As suas figuras são mais viris e
realistas do que as de Bernard Salomon.
ESPINOSA, ANTONIO de - Sevilhano que
se estabeleceu no México um ano antes da
morte de Juan Pablos. Antes de emigrar era
fundidor de tipos em Sevilha. Em algumas
obras que imprimiu aparece a forma latina
Spinosa. É considerado o primeiro tipógrafo
de origem espanhola que se estabeleceu na
América, e o melhor que ali trabalhou no
século XVI. Trabalhou como cortador de
tipos na oficina de Juan Pablos, tendo conseguido
permissão para estabelecer-se como
impressor no México, terminando assim com
o privilégio de exclusividade de Juan Pablos.
Monta oficina, muito bem equipada, na Via
Agustina, próxima da Igreja de S. Agostinho.
A sua experiência como cortador de punções
e fundidor de tipos, permitiu-lhe possuir
uma grande variedade de tipos góticos,
romanos e cursivos.
A primeira obra que imprimiu foi a
Gramática de frei Maturiano Gilberti, autor
que até aí só tinha sido editado por Juan
Pablos. Imprimiu depois, em 1560, o Túmulo
imperial de la gran ciudad de México de
Francisco Cervantes Salazar, que relata as
honras fúnebres prestadas ao imperador
Carlos V. No ano seguinte imprime o Misale
romanum ordinarium.
A maior parte das obras que imprimiu teve
carácter religioso e algumas eram bilingues
como o Confessionario breveen lengua
Mexicana y Castellana, do franciscano
Alonso de Molina, impresso em 1565, o
Confessionario mayor en lengua Mexicana
y Castellana, também de 1565, e o Vocabulario
en lengua Castellana y Mexicana,
de Alonso de Molina, em 1571. Também
imprimiu obras em latim como De septem
novae legis sacramentis Summarium de frei
Bartolomé Ledesma, impresso em 1566.
ESTIENNE - Família francesa de impressores
e editores. Henry Estinenne (I) nasceu
em 1460 e foi impressor e livreiro desde
1500 até à sua morte, em 1520. Imprimiu
cento e vinte e um livros, sendo a sua obra
mais importante o Quintuplex Psalterium,
em fólio, impresso em 1508 onde, pela
primeira vez na história da tipografia, o
texto dos salmos, impresso a vermelho e
negro, está dividido em versículos numerados.
Outras obras importantes impressas
por Henry, são o Traité de Géometrie, sua
única obra publicada em francês, e o Itenéraire,
um livro filosófico no formato de
dezasseis avos, não habitual na época.
A maioria das suas obras foi composta com
caracteres romanos. Ao morrer, em 1520,
Henry Estienne deixou como seu sucessor
o filho Robert (I) que nasceu em 1503 e a
quem Francisco I concedeu, em 1528, o
título de impressor real.
Robert Estienne imprimiu obras em hebreu,
grego e latim, línguas que dominava, tendo
impresso onze edições do Antigo Testamento
e doze do Novo Testamento. Destaca-se a
Bíblia que imprimiu em 1532, e o Novo
Testamento em língua grega que saiu do
prelo em 1550. Robert imprimiu cerca de
382 obras.
Robert Estienne teve um papel determinante
na fixação da ortografia francesa, tendo
impresso Les déclinaisons françaises, La
manière de tourner en langue française les
verbes actifs, passifs et les noms latins,
Dictionnaire latin-français de 1537 e, em
1538, o Dictionnaire français-latin.
Com a morte de Francisco I em 1547 teve
de deixar a Sorbonne e passou a imprimir
em Genéve a partir de 1550. A marca
tipográfica de Roberto (I) Estienne era uma
oliveira.
Seu filho, Henri (II) Estienne (1531-1598)
regressa de Genéve e é de novo recebido na
corte francesa. Em Paris edita várias obras
mas é em Genéve, em 1572, onde imprime
a mais célebre das suas edições o Thesaurus
Graecae, na qual investe doze anos de trabalho.
Em 1597, um sismo desmorona a sua
casa e desaparecem todos os seus manuscritos.
Morre demente em Lyon no ano de
1598.
Robert (II) Estienne (1530-1571), irmão de
Henri (II), também trabalha em Paris na
imprensa paterna, juntamente com o seu
tio Charles Estienne. Em 1561 foi impressor
real.
A casa Estienne desapareceu com a morte
de Robert (III) (1560?-1630), bisneto de
Henri I. Robert III foi intérprete do rei para
as línguas latina e grega. Robert III não foi
impressor mas apenas editor.
Em 1889 foi fundada em Paris uma escola
tipográfica a que foi dado o nome de
Estienne. Actualmente, chama-se École
Supérieure Estienne des Arts et Industries
Graphiques.
ESPIRA, JOÃO - (Ver Giovanni da Spira).
ESTUPIÑAN, DIEGO PÉREZ de - Espanhol
que imprimiu em Sanlúcar de Barremeda,
entre 1640 e 1643, em Jerez de la Frontera,
entre 1646 e 1663, e em Trigueros em 1649.
Na cidade de Sanlúcar de Barremeda
imprimiu em 1642 a Relación fidedigna del
origen, y principio que tuvo el levantamiento
de Portugal de Pedro de la Presentación.
Em 1643 dá à estampa Questiones práticas
de casos morales de Juan Henriquez.
No ano de 1646 solicita autorização para
se instalar em Jerez de la Frontera, que lhe
é concedida, pelo que passa a trabalhar
numa casa no El Arenal. Nesse mesmo ano
imprime em Jerez o Breve epílogo de las
Funerales exequias celebradas en la Colegiata
a la temprana muerte de D. Baltasar Carlos
de Luis Suárez de Toledo. Depois desta data
há um lapso de tempo em que parece não
ter trabalhado, ao que se julga em consequência
de uma epidemia de peste que se
declarou em Jerez.
A partir de finais de 1649 ou princípios de
1650 volta a imprimir em Jerez de la
Frontera, até ao ano de 1660, quando executa
Aqui se contienen dos famosas jácaras
nuevas que se supõe ser a sua última obra.
ESTUPIÑAN, LUIS - Impressor que trabalhou
em Lisboa entre 1607 e 1609. Em
1610 instala-se na Rua das Palmas em
Sevilha. Nesta cidade imprime em 1611 Arte
para fabricar, fortificar y aparejar naos de
guerra y merchante, de Tomé Cano. Entre
1612 e 1615 imprime para o Convento de
S. Agostinho da cidade de Sevilha. Após
1614 e até 1620, é impedido de trabalhar
e a sua oficina é fechada por causa de dívidas
não pagas.
A partir de 1620 volta à actividade, imprimindo
sobretudo obras de carácter religioso.
Sem abandonar a sua oficina sevilhana,
imprime duas obras em Marchena, em 1621.
Em 1633 muda-se para Écija pois que em
Sevilha não tinha trabalho. Nesta última
cidade imprime, em 1633, Relación de la
Solemnidad com que celebró la octava del
Santíssimo Sacramentoen la iglesia Mayor
de Santa Cruz su Patrono Don Diego de
Mendoza. Em Écija teve também negócio
de livreiro.
EVANS, EDMUND - Impressor inglês do
século XIX, famoso pela impressão de livros
para crianças, que trabalhou com os não menos
famosos ilustradores de livros infantis Walter
Crane, Randolph Caldecott e Kate Greenway.
EVERSON, WILLIAM - Notável tipógrafo
e designer norte-americano que nasceu em
Sacramento em 1912, filho de Louis Waldemar
Everson, um músico e impressor
itenerante, e de Francelia Marie Herber. Em
1914 a família estabeleceu-se em Selma, na
California, onde Louis abriu A Everson
Printery e Willliam ajudou o pai no negócio
da tipografia ao mesmo tempo que estudava.
Porém, na sua juventude, pouco aprendeu
da divina arte negra. William Everson
foi também um excelente poeta tendo dedicado
grande parte da sua vida à impressão
de livros de poesia com grande qualidade
tipográfica e que influenciaram dezenas de
trabalhos de tipografias norte americanas
entre os finais da década de 1960 e os princípios
da década de 1980. São notáveis as
impressões que fez do Novum Psalterium(
1955) e Granit eand Cypress (1974).
Em 1949 converteu-se ao catolicismo e
resolveu seguir a vida apostólica tendo
mudado o nome da sua tipografia para
Seraphim Press, e aderido à Ordem de S.
Francisco de Assis. No ano de 1951 juntouse
à Ordem Dominicana e adoptou o nome
de Irmão Antoninus.
A sua tipografia faz agora parte da Ordem
Dominicana e passa a designar-se Albertus
Magnus Press, em honra daquele grande
dominicano. É nesta altura que imprime o
Novum Psalterium Pii XII... uma obra que
dá à estampa com o recurso a tipos de
Frederic Goudy. Mais tarde deixaria a Ordem
Dominicana não sem que imprima outro
livro de qualidade gráfica assinalável com
o título A Man Who Writes. Abandona a vida
religiosa para casar pela segunda vez e passa
a ensinar na Universidade California-Santa
Cruz onde volta a estabelecer oficina tipográfica
com o nome Lime Kiln Press, continuando
a imprimir com muita qualidade.
Em 1977 é-lhe diagnosticada a doença de
Parkinson o que o obriga a abandonar o
ensino e poucos anos depois também a arte
tipográfica vindo a falecer em 1994.
EXCOFFON, ROGER - Artista gráfico
francês que criou os caracteres banco,1951;
mistral, 1953; calypso,1958. A partir de
1972 foi director do Excoffon Conseil (criações
gráficas publicitárias).
FAITHFULL, EMILY - Activista do movimento
de emancipação da mulher, fundou
em 1860 a Victoria Press em Londres.
Empregou na gráfica quinze mulheres compositoras,
ignorando os que se opunham ao
emprego de mulheres na indústria. Em 1863
imprimiu e publicou o primeiro número da
Victoria Magazine que saiu até 1880. Editou
numerosas obras escritas por mulheres.
FAQUES, GUILLAUME - Impressor gaulês
da Normandia que se estabeleceu em
Londres e que em 1504 era impressor do rei
Henriquw VII. Apenas são conhecidas oito
obras por ele impressas, de entre elas um
saltério de 1504. Nada dele se sabe depois
de 1530 ano em que imprimiu Myrroure of
Our Lady, a pedido da abadia de Syon. O seu
nome aparece ás vezes com a grafia Fawkes.
FAWKES, WILLIAM - (Ver Faques,Guillaume)
FEDOROV, IVAN - Tipógrafo russo, funcionário
da gráfica estatal moscovita, cujo
nome é o primeiro a constar no colofão dos
livros impressos naquela oficina.
Imprimiu em 1564 o Apostol e em 1565 dois
Chasovnik (livros de horas), o primeiro
ilustrado com muitas gravuras feitas em
madeira. No seu início, o negócio da tipografia
foi na Rússia um negócio do Estado e
da Igreja. A tipografia foi criada por acto
administrativo do Czar Ivan Groznyj, conhecido
por Ivan o Terrível, em meados do século
XVI. O domínio da tipografia por parte do
Estado foi um instrumento de centralização
política e de coerção.
Em 1566, na companhia de Petr Mstislavec,
que alguns estudiosos indicam com o nome de
Pedro Timofeev, deixa Moscovo e instala-se em
Zbloudov, na Bielorussia. Em 1572, Fedorov
instala-se em Lvov e depois em Ostrog, na
Volhynie, onde imprime a Bíblia em 1581.
FELSECKER, WOLFGANG - Famoso impressor
de Nuremberga que imprimiu na cidade
de 1658 a 1680. Imprimiu Abentheurliche
Simpllocissimus de Hans Jacob Christoffel
von Grimmelshausen, uma novela sobre a
Guerra dos Trinta Anos.
FERNANDES, VALENTIM - É o tipógrafo
mais importante que trabalhou em Portugal
nos alvores da arte tipográfica, quer pela qualidade
gráfica dos trabalhos gráficos que
executou, quer pela sua formação cultural e
pelas suas relações com homens do saber
nacionais e estrangeiros, quer ainda pelo
número e importância das obras que imprimiu.
Valentim Fernandes de Morávia era,
como o nome indica, oriundo da Europa
Central de influência germânica e terá nascido
em meados do século XV.
Valentim Fernandes terá talvez emigrado para
as cidades alemãs de Nuremberg e Augsburg
onde poderá ter tomado contacto com a
tipografia, embora na Morávia ela também já
fosse conhecida desde 1486, ano em que
Conrad Stahel imprimiu em Brno o primeiro
livro. É possível que o moravo tenha conhecido
em Augsburg Conrad Peutinger,
secretário da cidade, depois do ano de 1488.
Peutinger, um humanista alemão, era genro
de Anthon Wesler, comerciante, que instalou
em Lisboa uma agência da casa mãe, com o
fim de explorar o comércio de especiarias,
pois que nessa época já Vasco da Gama havia
completado a sua viagem descobridora do
caminho marítimo para a Índia.
Peutinger e Valentim Fernandes construíram
uma sólida amizade durante cerca
de vinte anos, o que faz crer que, indirectamente,
o impressor possa ter tido acesso à
corte do imperador Maximiliano. Este era
filho da infanta portuguesa D. Leonor, filha
de D. Duarte, e primo do rei D. João II de
Portugal que ajudaria o imperador em várias
ocasiões.Valentim Fernandes, como representante
de interesses alemães e com acesso
à corte de Lisboa, poderá ter contribuído
para a amizade existente entre os dois primos,
o rei de Portugal e o imperador alemão.
Não se sabe em que data Valentim Fernandes
iniciou a sua actividade como impressor
em Lisboa, mas conhece-se que em 1493
esteve em Sevilha. É pois natural que tenha
chegado a Lisboa depois dessa data com
material tipográfico adquirido na cidade
andaluza, provavelmente a Pedro Brun.
A primeira obra impressa em língua portuguesa
por Valentim Fernandes foi a Vita
Christi, em quatro volumes, impressa em
Lisboa no ano de 1495, por ordem da rainha
D. Leonor. Para a impressão desta obra
Valentim Fernandes associou-se a Nicolau
de Saxónia, impressor alemão que chegara a
Portugal vindo de Espanha. Os livros da Vita
Christi foram compostos com caracteres,
gravuras e capitais importadas, embora seja
possível que algumas gravuras tenham sido
abertas em Portugal. O tipo do texto parece
proveniente da escola tipográfica de Sevilha,
especialmente os caracteres góticos e a letra
maiúscula E que tem uma configuração
especial que só aparece em Sevilha, nas
oficinas de Pedro Brun, de Meinardo Ungut
e Stanislao Polono, bem como na casa de
impressão dos chamados Companheiros
Alemães, todos em actividade em 1495.
Em 10 de Março de 1496, já separado de
Nicolau de Saxónia, o moravo conclui a
impressão em latim do Votiuale missarum
secundum ritum Romane Curie e logo depois, em
20 de Abril de 1496, é concluída a impressão da
novela de cavalaria Estoria de muy nobre
Vespesiano emperador de Roma, obra em língua
portuguesa. Ao que parece, neste mesmo ano,
ainda dá à estampa o Regimento proueytoso contra
a pestenença, tradução portuguesa feita pelo
padre franciscano Luís de Rás, do original da
autoria de Johan Jacme.
No ano de 1497 imprime três opúsculos que
viriam a formar a Grãmatica Pastrane, texto
latino mas que contém algumas frases em
português. Desta obra fazem parte o
Thesaurus Pauperum, cuja impressão não
está datada, as Materiae de Pedro Rombo,
adaptação do texto de Juan Pastrana, aí designado
por Baculum Caecorum, acabadas
de imprimir em 27 de Maio de 1497, e as
Materiae de António Martins, sinopse do
texto de Pastrana, cuja impressão terminou
em 20 de Junho daquele ano.
Entre os anos de 1498 e 1499 nada se sabe
sobre a actividade tipográfica de Valentim
Fernandes mas em 21 de Fevereiro de 1500
conclui a impressão da primeira parte das
Epistole et Oratines, de Cataldo Sículo.
Em 1501, em 10 de Abril, o impressor terminou
a execução da obra Glosa famosissima
sobre las Coplas de dõ Jorge Marriq, de
Alonso de Cervantes e, talvez, os Proverbios
de Iñigo Lopez de Mendoza, ambas impressas
em língua espanhola. Em 4 de Fevereiro
de 1502, Valentim Fernandes terminará a
impressão do Marco Paulo, em português,
uma das suas impressões mais importantes.
O texto de Frei Francisco Pipino, frade
bolonhês, é a narração das viagens feitas no
Oriente pelo veneziano Marco Polo, em
finais do século XIII. Ao Livro de Marco
Paulo juntou Valentim Fernandes alguns
capítulos sobre a Etiópia, a Arábia, a Pérsia
e a Índia, extraídos de um livro em latim
cujo paradeiro se ignora, e que ele próprio
traduziu. A tudo isto ainda juntou algumas
traduções que fez do Livro de Nicolau
Veneto e da Carta de Jeronimo de Santo
Estevam. No ano de 1502 Valentim Fernandes
imprimiu os Poemata de Cataldo Sículo,
composto em caracteres góticos como aliás
os trabalhos anteriores.
Em 21 de Fevereiro de 1503, Valentim
Fernandes é nomeado pelo rei D. Manuel
para o cargo de corrector dos mercadores de
Lisboa, com funções de tabelião. Em 1504,
três livros saem do prelo de Valentim
Fernandes: Regimeto dos ofiçiaaes... destes
Regnos, terminado em 20 de Março,
Cathecismo pequeno, de D. Diogo Ortiz,
acabado de imprimir a 20 de Junho e,
provavelmente, a Regra e diffinçoõs da
Ordem do Mestrado de Nosso Senhor Iesu
Christo, de que foram impressas duas
edições. Na impressão do Cathecismo trabalhou
associado com João Pedro de
Cremona. Possivelmente em 1505 imprime
a Epistola serenissimi principis Hemanuelis...
ad Summã Romanu Ponti-ficem,
uma carta dirigida pelo rei D. Manuel ao
papa Júlio II.
Fugindo da peste que se declarara em
Lisboa em Outubro de 1505, Valentim
Fernandes instala-se em Almeirim e só
voltará a Lisboa em 1511. Em 16 de
Dezembro conclui no entanto a impressão
dos Autos dos Apostolos, continuação do
texto da Vita Christi. Durante a epidemia de
peste, Valentim Fernandes parece ter feito
um interregno na sua actividade de impressor.
Regressado a Lisboa, retoma a sua actividade
de tipógrafo e imprime, provavelmente
em 1510 ou 1511, uma versão portuguesa
dos Evangelhos e Epístolas, de Guilherme
de Paris. Esta edição de Valentim Fernandes
é uma cópia literal da impressão feita pelo
impressor Rodrigo Álvares no Porto.
O impressor moravo imprimiu ainda as
Ordenações, em cinco volumes, monumental
codificação do ordenamento jurídico português.
A impressão dos dois primeiros
volumes foi lenta, por motivos que se
desconhecem, mas que talvez se prendam
com a complexidade do trabalho gráfico a
executar e com a necessidade de uma cuidada
revisão dos textos. Assim, o livro I, com
129 fólios, acabou de ser impresso em 17 de
Dezembro de 1512 e o livro II, com 60 fólios
ficou pronto em 18 de Novembro de 1513.
Talvez por verificar que não conseguia
cumprir o prazo acordado para a impressão
da obra, decidiu Valentim Fernandes dar de
subempreitada o resto da obra ao tipógrafo
italiano João Pedro Buonhomini de
Cremona, que viria a dar à estampa também
uma edição especial em pergaminho de
todos os livros das Ordenações, destinada ao
rei D. Manuel I. Assim a obra é completada
em 1514, sendo os dois primeiros livros executados
por Valentim Fernandes e os outros
três por João Pedro de Cremona, que também
imprime aquela colecção especial em
pergaminho destinada ao rei.
Do ano de 1514 ou 1513 é também a edição
de duas obras de Cataldo Sículo, a segunda
parte das Epístolae et Orationes e as
Visiones. Em 1515, Valentim Fernandes
imprime uma gramática de Estevão Cavaleiro,
a Ars Virginis Mariae e, em associação
com Hermão de Kempis, Ho compromisso e
regimento dos officiaes da sancta confraria
da Mesericordia. Por fim, em 1518, o
impressor da Morávia imprime o Reportorio
dos têpos, versão portuguesa feita pelo
próprio Valentim Fernandes do original
castelhano de André de Li.
Julga-se que Valentim Fernandes terá morrido
pouco tempo depois da impressão de
Reportório, portanto no ano de 1518 ou
primeiros meses de 1519.
FINÉ, ORONCE - Notável ilustrador de
livros francês do século XVI, que foi geógrafo
de profissão, e que trabalhou para os
impressores Jean Petit e sobretudo para
Simon de Colines.
FIOL, SWIATOPOLK - Considerado o mais
importante tipógrafo na Polónia, trabalhou
em Cracóvia. Fiol consagrou toda a sua produção
tipográfica aos livros litúrgicos de rito
ortodoxo. Foi o primeiro tipógrafo a efectuar
impressões com caracteres cirílicos. Fiol
adquiriu o seu material tipográfico em 1483
e oito anos mais tarde, em 1491, imprimiu
Osmoglasnick, Casoslovec, Psaltir, Triod
postnaja e Triod evetnaja.
Depois desta data, é acusado de heresia e
sai da Polónia radicando-se na Hungria.
FLEISCHMANN, JOHANN-MICHEL - Famoso
gravador holandês do século XVII que
gravou um grande número de caracteres
para a fundição Enschedé de Haarlem e que
podem hoje ser vistos no museu tipográfico
daquela cidade. Os seu tipos são bastante
estreitos e influenciarão o trabalho de
Fournier e de Louis Luce.
FONSECA, ANTÓNIO ISIDORO da - Tipógrafo
de Lisboa que foi um dos primeiros a
instalar oficina no Brasil, no ano de 1747, e
aí imprimiu a Relação das entradas que fez
D. E., António do Desterro Malneyro, bispo
do Rio de Janeiro, um folheto de vinte páginas
em quarto, de que se conhecem alguns
exemplares. António Isidoro da Fonseca
imprimiu ainda no Rio de Janeiro mais dois
folhetos: Conclusiones mettaphisicas de
Francisco Faria, e I’n aplauso do
Excellentíssimo e Reverendíssimo Senhor
D. Frey António do Desterro Milheiro,
digníssimo Bispo desta Cidade, ambos
impressos em 1747. A actividade
impressória de António Isidoro da Fonseca
deve ter começado em Lisboa no ano de
1728 e terá terminado em 1747. Em algumas
obras por si impressas aparece a designação
impressor do duque estribeiro-mór.
FONSECA, ARTHUR AREZIO da - Tipógrafo
brasileiro nascido na Baía a 10 de
Junho de 1873, considerado um dos mais
importantes do seu tempo naquele país, e
que foi também escritor e editor. Ingressou
como aprendiz de tipógrafo nas oficinas do
Jornal de Notícias em Setembro de 1887, foi
paginador da Gazeta de Notícias em 1896,
paginador e administrador de A Baía até
Junho de 1898, chapista nas oficinas da
Tipografia Baiana e de Vicente de Oliveira
Botas, onde aprendeu a arte da Litografia,
paginador do Correio de Notícias em 1889,
do Diário da Baía em 1902, do Diário de
Notícias em 1903, donde saíu para em 1905
abrir a Gazeta do Povo. Em 1907 criou de
parceria com António Josué Carvalho, a
Oficina Xilo-tipográfica Arezio & Carvalho
que fecharia em 1912 para dirigir a instalação
da Imprensa Oficial do Estado de que
foi depois administrador técnico, a partir de
Novembro de 1915.
Foi membro de várias instituições profissionais
e culturais, tendo ingressado na
Associação Typographica Bahiana em 1902.
Criou e foi o primeiro editor do Boletim
Graphico entre 1916 e 1917. Pertenceu á
direcção do Liceu de Artes e Ofícios nas
décadas de 1920 e 1930.
Escreveu cinco livros sobre a arte tipográfica.
O primeiro, Serões typographicos foi
publicado em 1905 e é uma colectânea dos
artigos que escreveu entre 1902 e 1903 para
a Revista da Associação Typographica
Bahiana. O segundo livro saíu em 1907 e
tem o título de Esboço typográfico, possuindo
ilustrações do próprio Arthur Arezio da
Fonseca, impressas com xilogravuras abertas
em casca de cajazeira. Trata da história
da imprensa e de vários temas afins com as
Artes Gráficas. O terceiro livro, de 1916,
impresso pela Imprensa Oficial do Estado,
tem o título Machinas de compor e nele se
descreve a evolução da composição mecânica
e se alertam os compositores manuais
para aprenderem a usar o novo equipamento
de composição. A quarta obra do tipógrafo
brasileiro chama-se Revisão de provas
typographicas e saíu em 1925, tendo sido
muito usado por todos quantos queriam
abraçar a profissão de revisor. O último livro
de Arthur Arezio é o Diccionario de termos
graphicos, publicado pela Imprensa Oficial
do Estado em 1936, na Baía. É considerado
o primeiro dicionário para artes gráficas em
língua portuguesa, e o autor foi premiado
em 1938, com o Prémio Caminhoá, por
causa deste seu dicionário. Escreveu mais
quatro livros inéditos segundo dados biográficos
organizados por seu filho, não se
sabendo onde param os originais. Esses
livros são, de que existem três folhas do rascunho,
O Formato dos Livros, de que existem
três capítulos, Branco + Negro e
Cálculos typographicos. Arthur Arezio da
Fonseca faleceu em 16 de Julho de 1940.
FONTANA - Família de impressores que
esteve activa em Turim a partir de meados
do século XVII. O primeiro membro da
família foi Giovanni Battista Fontana que
trabalhou como impressor e livreiro durante
cinquenta e um anos.
A oficina dos Fontana esteve em actividade
té meados do século XIX e o se período de
maior actividade situou-se entre 1838 e
1843, altura em que a empresa tinha mais
de 160 trabalhadores.
FORA, BERNARDO CENNINI de - (ver
Cenninus, Bernardus).
FOULIS - Este era o apelido dos irmãos
Robert e Andrew que exerceram a arte da
tipografia na Escócia no século XVIII e que
foram impressores famosos na sua época.
Também desenvolveram o negócio de livraria.
Entre 1756 e 1758 imprimiram quatro
volumes em folio da obra de Homero, tendo
utilizado caracteres gregos que para eles
foram gravados por Alexander Wilson. Em
1770 imprimiram Paradise Lost. Em cerca
de cinquenta anos imprimiram mais de setecentas
obras que são paradigma de elevado
esmero de composição e impressão. Robert
Foulis é considerado um dos melhores
impressores escoceses do século XVIII.
FOURNIER - Família de fundidores de caracteres
tipográficos. Jean Claude Fournier
dirigia a grande fundição Le Bé, a qual passou
a ser dirigida a partir de 1730, data da
morte de Jean Claude, pelo seu filho Jean-
Pierre Fournier (1712-1768). O seu irmão
Pierre-Simon Fournier (1712-1768), conhecido
como “o Jovem”, fabrica punções na
empresa do irmão, durante os primeiros
anos da sua actividade profissional.
A partir de 1736 Pierre-Simon estabelece-se
por conta própria e continua a fabricar
punções para a sua fundição. As melhores
tipografias francesas e europeias abastecemse
de matrizes na fundição de Pierre-Simon
que tinha como preocupação a normalização
das dimensões dos caracteres tipográficos.
Em 1737 publicou Tables des proportions
qu’il faut observer entre les caracteres, sendo
autor de uma dúzia de obras, a última das
quais é o Manuel Typographique utile aux
gens de lettres et à ceux qui exercent les différentes
parties de l’art de l’imprimerie.
É também inventor de um molde de fundir
caracteres. Fundiu tipos de grande qualidade
e também tipos musicais.
FRANÇA, PEDRO RIBEIRO - Impressor e
livreiro no Porto, estabelecido próximo da
Misericórdia. Faleceu em 1823.
FRANKLIN, BENJAMIN - Mais conhecido
pelas suas experiências sobre electricidade,
por ter inventado o pára-raios, e como político
que trabalhou pela independência dos
Estados Unidos, foi também um tipógrafo
de mérito nos alvores da tipografia naquele
país.
Benjamin Franklin nasceu em 17 de Janeiro
de 1706 em Boston e faleceu em 17 de Abril
de 1790, tendo sido tipógrafo na sua juventude.
Fez a sua aprendizagem como tipógrafo
compositor em Boston na oficina do
irmão, sem salário, e com a condição de trabalhar
como simples operário só recebendo
ordenado quando tivesse vinte anos.
Inteligente, estudioso, amante da literatura,
Benjamin cultiva-se e começa a escrever
anonimamente para o Correio da Nova
Inglaterra, periódico que o seu irmão imprimia.
Farto de tanta incompreensão por
parte do irmão, resolve abandonar Boston e
arranja trabalho em Filadélfia na oficina gráfica
de Samuel Keimer. Muito pouco tempo
foi preciso para Franklin mostrar a sua
grande habilidade e dotes artísticos, e
Keimer, entusiasmado com o engenho do
jovem, distingue-o e faz dele o primeiro oficial
da tipografia e depois contra-mestre.
Guilherme Keith, governador da província,
com quem Franklin travara conhecimento,
pede-lhe que vá a Londres comprar o material
necessário à instalação de uma tipografia
que pensa estabelecer. Franklin viaja
e em Londres arranja trabalho numa das
tipografias londrinas mais conceituadas, a
oficina de Palme e Woll. Nesta tipografia
Benjamin Franklin ganha experiência e por
sua iniciativa melhoram-se os regulamentos
das oficinas gráficas britânicas. Em 1726
regressa à América e em Filadélfia associase
a um antigo colega, Hugh Meredith, e
ambos montam uma tipografia. Aí funda o
Almanaque do bom homem Ricardo e o jornal
Gazeta de Filadélfia. Algum tempo
depois, com os proventos da sua actividade
gráfica, cria a primeira biblioteca pública, a
primeira academia livre e o pri-meiro hospital
da América do Norte. Seguir-se-à depois
uma brilhante carreira como cientista,
inventor e político.
Na lápide do seu túmulo, escrita por si, gravou-
se o seguinte epitáfio: Aqui jaz para sustento
dos vermes, o corpo de Benjamin
Franklin, impressor, como a capa de um livro
velho com as folhas já rasgadas e a encadernação
estragada. Mas não ficará obra perdida,
pois reaparecerá, segundo crê, em nova
edição revista e corrigida pelo autor.
FREXENAL, VASCO DIAS TANCO de -
Impressor de origem espanhola, e que só
Nicolau António assevera ser português,
“natural de Freixinial, junto ao Marão.”
Parece porém ser natural de Fregenal de la
Sierra, na Extremadura espanhola. Na obra
que escreveu e imprimiu, o Romance en el
qual el autor narra seu nascimento diz
Vasco Dias Tanco: En Frexenal de la sierra /
Nasci.../ En la provincia de estrema / Al pie
del cerro tiznado/ Com los Algarves confina/
Al lusitano collado. Os galegos conhecem-no
por Vasco Diaz Tanco de Fregenal.
Trabalhou no Porto entre 1540 e 1541, onde
executou as Constituições do bispado do
Porto. No Porto também imprimiu Espelho
de casados, de João de Barros, que parece
tratar-se de um livro em que usou inteiramente
um processo xilográfico.
Depois vai para Tuy, embora não se conheça
nenhum impresso seu feito na localidade.
Em 1542 imprime em Santiago o Breviario
Compostelano de que se não conhecem
exemplares. Trabalha depois em Orense,
imprimindo naquela cidade o Libro llamado
Palinodia e as Constituciones Sinodales del
Obispado de Orense, estas últimas de 1544.
No mesmo ano imprime Historia y profecia
de la Sibila Eritrea, de Toribio Ruiz, de que
existe um exemplar na Hispanic Society. Em
1548 passa a trabalhar em Valladolid onde
terá vendido o seu material tipográfico a
Juan de Carvajal.
FRIBURGO, MICHAEL de - Impressor de
origem germânica, natural de Friburgo, hoje
uma pequena cidade suíça, que sendo estudante
na Universidade de Basileia, aprendeu
os segredos da divina arte negra provavelmente
naquela cidade. Exerceu a arte de
impressão em Paris para onde foi juntamente
com Ulrich Gering e Martin Crantz,
impressores alemães. Os três foram, durante
algum tempo, empregados de Heylin e
Fichet, na tipografia que estes montaram na
Sorbonne.
Juntamente com os seus companheiros,
estabeleceu-se por conta própria na Rue
Saint-Jacques tendo impresso em 1476 a
primeira Bíblia impressa em França. Em
Janeiro de 1478, Friburgo abandonou a
sociedade e, a partir daqui, nada mais dele
se sabe.
FROBEN, JOHANN - Considerado um dos
mais importantes impressores e editores
humanistas, fez a sua aprendizagem em
Nuremberg, com Koberger. Iniciou a sua
actividade impressória em 1491 em colaboração
com Amerbach e com Adam Petri.
Imprimiu cerca de duzentas e cinquenta obras
em latim e grego. Toda a sua produção foi feita
nestas duas línguas. Foi amigo de Erasmo e o
único impressor de Basileia que não aderiu ao
movimento da Reforma mantendo-se ligado à
Igreja Católica. Faleceu em 1527.
FROSCHAUER, CHRISTOPHER - Cidadão
alemão nascido em Neuburg na Bavária e
que em 1519 era considerado o principal
impressor de Zurique. Imprimiu obras de
Ulrich Zwingli e de outros autores da
Reforma. A sua tipografia era ponto de
reunião de um circulo de influentes pensadores.
As primeiras publicações de
Froschauer foram traduções para o alemão,
feitas por Leo Jud, de duas obras de
Erasmo. Em 1529 imprimiu a Bíblia em
alemão, a primeira versão completa realizada
nesta língua. Imprimiu pelo menos vinte
e sete edições da Bíblia em alemão, latim e
inglês. Também deu à estampa, em 1545, o
primeiro volume da Bibliotheca universalis e
em 1549 Libellus valde doctus de Urban
Wyss. Faleceu em 1564 tendo os seus
sobrinhos Eustace e Christopher continuado
com a actividade da gráfica. A sua empresa
ainda hoje existe com o nome de Orell
Füssli Verlag.
FRUTIGER, ANDRIAN - Desenhador de
caracteres suíço que nasceu em 1929 e que
é também professor, tipógrafo e escultor.
Em 1952 foi convidado por Charles Peignot
para trabalhar em França. Ao serviço da
casa Deberny-Peignot contribui para a criação
dos caracteres da Lumitype. É também
o criador dos caracteres phoebus, président,
ondine e univers. Os caracteres univers tiveram
êxito em todo o mundo. Desenhou também
os caracteres apolo para a Monophoto.
É o responsável pelos caracteres usados na
sinaléctica do aeroporto Charles de Gaulle.
FUST - Ourives ou banqueiro que foi sócio
de Gutenberg na oficina de Mogúncia e que,
depois de desfeita a sociedade, continuou a
imprimir com a colaboração de Peter
Schöeffer, calígrafo que tinha estudado em
Paris. A oficina de Fust publicou em 14 de
Agosto de 1457 o Codex Psalterium também
conhecido por Salterio de Mogúncia, impresso
com capitais a cores, vermelho e azul, e
que ostenta no colofão os nomes de Fust e
Schöeffer. Em 1459 voltaram a imprimir
esta obra e deram à estampa o Salterio
Benedictino.
Imprimiram também obras de Séneca e de
Cícero, bem como outra edição do Salterio e
uma edição em dois volumes das cartas de
San Jerónimo.
Fust morreu em Paris, em 1466, durante
uma viagem que fizera com a intenção de
vender livros, tendo Schöeffer, que se havia
casado com a filha de Fust, continuado com
o negócio.
FYNER, CONRAD - Impressor alemão que
deu à estampa cerca de cinquenta obras de
carácter religioso e foi o primeiro a empregar
no seu país caracteres hebreus, na obra
Tractatus contra perfideos Judaeos, de
Pedro Niger, impressa em 1475. Foi o primeiro
impressor da cidade de Esslinger,
perto de Ulm, em 1473 ou até mesmo antes.
Foi o impressor da Collectorium super
Magnificas de J. Charlier de Gerson, que
mostra a primeira tentativa que se conhece
de imprimir música. São cinco notas
quadradas descendentes, que imitam a
notação romana, e que representam o slo, fá
mi, re, ut. Não existem pautas mas nalguns
exemplares do livro aparecem desenhadas
as linhas.
GABIANO, BALTHASARD de - Impressor e
fundidor de Lyon que juntamente com
Barthèlémy Trodt, que também trabalhava
nesta cidade francesa, copiou de imediato os
tipos itálicos de Aldo Manúcio, o que provocou
grandes querelas entre o impressor
veneziano e estes seus colegas lioneses.
GACON, SAMUEL - Judeu de origem nobre
que teve oficina gráfica em Portugal, na
cidade de Faro, em actividade desde 1487.
Não se sabe ao certo se teria sido apenas
editor ou também impressor. Em algumas
das suas obras aparece como Samuel
Porteiro, uma referência possivelmente ao
título oficial que detinha e que corresponde
às funções de porteiro, que têm uma grande
tradição na organização judiciária portuguesa
e no ordenamento jurídico hebraico.
Foi da oficina de Samuel Gacon que saiu o
primeiro livro impresso em Portugal que
chegou até nós, o Pentateuco, executado em
1487, em caracteres hebraicos, na cidade de
Faro. Possivelmente em 1492, na mesma
cidade, Samuel Gacon imprimiu o Talmud
babilónico com comentário de Rashi. Entre
1487 e 1492 não se conhecem obras impressas
nesta oficina. Não se sabe se esta esteve
parada ou se, simplesmente, não chegaram
até nós os livros impressos neste período.
Esta última hipótese parece mais verosímil
pois não se acha razão para a tipografia ter
estado sem actividade durante tanto tempo.
Em Pesaro, na Itália, e já no século XVI,
encontrar-se-ão os caracteres de Samuel
Gacon, levados por descendentes seus,
alguns dos quais, aliás, também se instalaram
na Turquia.
GAIO, BERNARDO FERNANDES - Impressor
português do século XVIII, proprietário
de uma famosa oficina com o nome de
Oficina Joaquiniana de Música, que laborou
durante a primeira metade do século.

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